Nesta terça-feira (14), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que fará o que for para cumprir as metas de inflação. E para isso, se necessário for, mexerá na taxa Selic.
“Dizer que vamos fazer o que precisa ser feito para atingir a meta, significa que vamos levar a Selic aonde precisa levar, mas não significa que vamos reagir sempre a dados de alta frequência”, disse.
Em entrevista ao Macro Day 2021, evento do Banco BTG Pactual, Campos Neto disse que o BC atuará para controlar o avanço da inflação e que tomará medidas para isso. Além disso, também reiterou que o Comitê de Política Monetária (COPOM) não vai agir sobre cada nova alteração de alta frequência.
Essa foi a última mensagem pública antes da reunião dos membros do Copom para definição da taxa Selic conforme calendário anual.
Avanço da Selic e inflação também foram pauta no evento
Durante o evento, o tema também levou em conta a inflação acumulada nos últimos 12 meses, que está bem acima da meta. Segundo especialistas e o próprio Boletim Focus, o período pode ser marcado como o ano com a pior inflação desde 2015, apesar do desemprego estar na faixa dos 14%.
A desvalorização do real também afetou a inflação. Embora a moeda brasileira esteja relativamente estável em 2021, o preço do dólar subiu cerca de 30% em 2020 e nunca mais caiu.
Sobre a taxa Selic, o aumento constatado em 2021 teve grande impacto na economia de modo geral. Inclusive, o crescimento de 1% na última reunião do Copom, foi a maior alta registrada desde 2000, onde o índice passou de 4,25% para 5,25% ao ano.
Se compararmos com o início deste ano, onde a taxa Selic estava em 2%, o avanço foi de 3,25% para tentar controlar a inflação acumulada do período da pandemia.
O impacto do COVID-19
O presidente do BC também destacou os choques de ofertas mundiais, ocasionados após a reabertura econômica por causa da vacinação contra a doença pandêmica, e como isso influenciou em parte da inflação no Brasil e no mundo.
Além do COVID-19, Campos Neto deu outros exemplos que influenciam no impacto da inflação, como a crise hídrica: “A gente nunca teve tantos choques consecutivos num período tão curto de tempo, o mais recente sendo a parte hídrica, que gerou uma incerteza adicional”, comentou.
Por fim, ainda afirmou que, quando as questões financeiras forem definidas, como o valor do novo Bolsa Família, a confiança deve voltar e finalmente o Brasil poderá “virar a página”.