
S&P rebaixa rating da Azul para ‘CCC-’ e alerta para alta probabilidade de inadimplência
A S&P Global Ratings rebaixou o rating de crédito da Azul (BVMF:AZUL4) de ‘CCC+’ para ‘CCC-’, citando deterioração da liquidez e um risco elevado de inadimplência. A agência destacou que a empresa continua sofrendo com queima significativa de caixa, especialmente no primeiro trimestre de 2025, e manteve a perspectiva negativa, apontando a possibilidade de nova reestruturação de dívida ou calote nos próximos seis a 12 meses.
Rebaixamento generalizado e perspectiva negativa
Além do rating corporativo, a S&P também rebaixou:
- O rating de emissão das notas seniores sem garantia com vencimento em 2026, de ‘CCC-’ para ‘CC’;
- A nota nacional, de ‘brBB+’ para ‘brCCC-’;
- E manteve a classificação de recuperação em ‘6’ (recuperação baixa esperada em caso de default).
A agência afirmou:
“A liquidez extremamente restrita da Azul aumenta o risco de inadimplência nos próximos meses.”
Queima de caixa e obrigações elevadas
Em 31 de março de 2025, a Azul possuía cerca de R$ 655 milhões em caixa e investimentos líquidos. Apesar de ter levantado R$ 600 milhões em um financiamento-ponte com vencimento em 120 dias, a S&P considera que as obrigações financeiras da companhia continuam muito superiores.
A agência estima:
- Vencimentos de curto prazo: R$ 730 milhões;
- Despesas com arrendamento, juros, capital de giro e capex: entre R$ 7,4 bilhões e R$ 7,8 bilhões no mesmo período.
Fluxo de caixa operacional negativo
Mesmo após captar R$ 3 bilhões com novas notas superprioritárias em sua reestruturação no início do ano, a Azul:
- Teve queima de caixa de R$ 750 milhões no 1T25;
- Registrou déficit de fluxo de caixa operacional de R$ 313 milhões;
- Pagou mais de R$ 1 bilhão em arrendamentos e R$ 1,9 bilhão em vencimentos de dívida no trimestre.
A S&P prevê que o FOCF (fluxo de caixa livre) após os pagamentos de arrendamento continuará negativo em R$ 1,6 bilhão a R$ 1,8 bilhões em 2025.
Cenário operacional e perspectivas
A agência revisou para cima suas projeções de receita e EBITDA, com expectativa de:
- Crescimento de 10% na receita em 2025;
- EBITDA de R$ 6,8 bilhões, ante R$ 5,9 bilhões em 2024.
Apesar disso, destacou que os ganhos operacionais são insuficientes para compensar as despesas financeiras e operacionais elevadas.
Acesso restrito ao mercado e nova linha de crédito
A S&P ressalta que, após duas reestruturações de dívida nos últimos dois anos, o acesso da Azul ao mercado de capitais permanece limitado. A empresa estuda uma nova linha de crédito de até R$ 2 bilhões com garantia do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para financiar a compra de combustível — o que poderia proporcionar alívio de curto prazo.
Condições para novo rebaixamento ou melhora
Novo rebaixamento poderá ocorrer se:
- A inadimplência for considerada iminente;
- Houver uma nova reestruturação problemática;
- A empresa buscar reestruturação judicial.
Uma possível elevação do rating dependeria de:
- Alívio significativo na liquidez;
- Reversão da queima de caixa;
- Novos financiamentos de longo prazo, como via FGE.