
Moody’s rebaixa rating da CSN (CSNA3) de ‘Ba2’ para ‘Ba3’
A Moody’s rebaixou a nota de crédito da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), reduzindo seu Corporate Family Rating (CFR) e os ratings de dívida da CSN Resources S.A. e da CSN Inova Ventures de ‘Ba2’ para ‘Ba3’. A agência também alterou a perspectiva dos emissores de negativa para estável.
Motivos para o rebaixamento
De acordo com a Moody’s, a decisão reflete “os fracos indicadores de crédito da empresa nos últimos 12 meses” e a previsão de que esses índices “continuarão pressionados nos próximos 12 a 18 meses devido a condições de mercado mais fracas nos segmentos de aço e minério de ferro”.
O EBITDA ajustado da CSN caiu para aproximadamente R$ 10 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro de 2024, ante R$ 11,5 bilhões em 2023, devido à queda nos preços. Como resultado, a alavancagem ajustada da empresa subiu para 5,5 vezes (5,0 vezes excluindo itens não monetários), em comparação a 4,0 vezes no mesmo período do ano anterior. A Moody’s projeta que esse índice permanecerá entre 4,5 vezes e 5,0 vezes no curto prazo, mas pode melhorar para um intervalo de 4,0 vezes a 4,5 vezes ao longo do tempo, considerando um preço do minério de ferro (62% Fe) entre US$ 80 e US$ 110 por tonelada e uma normalização da lucratividade da siderurgia.
No entanto, a agência alerta que “a menos que a CSN consiga acelerar a desalavancagem por meio da venda de ativos, redução de capex ou amortização antecipada da dívida, seus indicadores de crédito e geração de fluxo de caixa livre ficarão mais alinhados com a categoria ‘Ba3’ nos próximos dois anos”.
Forças e desafios da CSN
A Moody’s destaca que a CSN “é uma das principais fabricantes de aço laminado plano no Brasil, com um mix de produtos voltado para itens de maior valor agregado, além de ser uma das maiores produtoras de minério de ferro do país”. A empresa mantém um histórico de margem EBITDA ajustada forte, variando entre 20% e 35% (22% nos últimos 12 meses), sustentado por sua posição no mercado doméstico e por custos de produção competitivos. A agência também pontua que a companhia implementou diversas medidas nos últimos três anos para fortalecer sua liquidez.
Por outro lado, o rating da CSN segue limitado por sua estratégia financeira. Segundo a Moody’s, a empresa apresenta “um histórico de políticas financeiras agressivas, com uma estrutura de capital altamente alavancada e um apetite por crescimento e distribuição de dividendos”. Outros desafios incluem a volatilidade do setor siderúrgico brasileiro, a dependência dos preços do minério de ferro, a concentração da produção de mineração em um único local e possíveis impactos de disputas judiciais em andamento.
Cenário futuro
A CSN reduziu significativamente sua alavancagem em 2020 e 2021, impulsionada pelo forte desempenho do segmento de exportação de minério de ferro e pela alta do aço em 2021. No entanto, a Moody’s observa que “as operações de aço e minério de ferro começaram a perder força após o pico registrado entre 2022 e 2023”. Ainda assim, a agência acredita que a lucratividade da CSN permanecerá “adequada”, mesmo com a concorrência das importações no mercado brasileiro.
Entre 2022 e 2023, a empresa gerou fluxo de caixa livre significativo, mas destinou os recursos para aquisições e pagamento de dividendos. A Moody’s avalia que essas decisões “não comprometem substancialmente o perfil de crédito e a liquidez da empresa”, considerando a margem de segurança construída pela CSN. No entanto, a agência destaca que essa estratégia “evidencia o apetite da companhia por crescimento e sua abordagem para alocação de capital, que não prioriza a redução da dívida”.
Dessa forma, para fortalecer seu perfil de crédito no longo prazo, a CSN precisará demonstrar um histórico de gestão financeira mais conservadora, seja “pela manutenção de uma posição robusta de caixa ou pela aceleração da redução da dívida bruta”.