
Dívida bruta sobe para 76,1% do PIB em maio
O que é a Dívida Bruta do Governo Geral?
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) representa o estoque total das obrigações financeiras do setor público não financeiro. Ela inclui os débitos do Governo Federal, do INSS e dos governos estaduais e municipais. É um dos principais indicadores da sustentabilidade fiscal de um país e é amplamente utilizado para avaliar o grau de endividamento do setor público.
Ao contrário da dívida líquida, a DBGG não desconta os ativos financeiros do governo. Sua evolução depende de diversos fatores, como os resultados fiscais, os juros da dívida, a variação cambial e o crescimento do PIB nominal.
Como é calculada a DBGG?
A DBGG é expressa como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), permitindo a comparação ao longo do tempo. Variações podem ocorrer devido a:
- Juros nominais apropriados: representam os encargos financeiros acumulados sobre a dívida.
- Resultado primário: superávits ajudam a reduzir a dívida, enquanto déficits contribuem para o aumento.
- Crescimento do PIB nominal: acelerações do PIB reduzem a relação dívida/PIB.
- Movimentos cambiais: valorização ou desvalorização do real afeta a dívida atrelada ao dólar.
Além da DBGG, o Banco Central também divulga a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que desconta os ativos financeiros do governo e oferece uma visão complementar da posição fiscal do país.
Resultado de maio de 2025
- A Dívida Bruta do Governo Geral subiu para 76,1% do PIB, equivalente a R$ 9,3 trilhões.
- O indicador ficou abaixo das expectativas do mercado, que previam 76,5%, e representou leve aumento frente aos 76,0% registrados em abril.
- O crescimento da dívida em maio foi impulsionado por:
- Juros nominais apropriados: +0,8 ponto percentual do PIB.
- Queda do PIB nominal: -0,6 ponto percentual (efeito negativo sobre a base de comparação).
Evolução da dívida no acumulado do ano
- No acumulado de 2025 até maio, a DBGG teve redução de 0,4 p.p. do PIB.
- Os principais fatores foram:
- Crescimento do PIB nominal: -2,7 p.p.
- Resgates líquidos de dívida: -1,0 p.p.
- Valorização cambial acumulada (7,8%): -0,3 p.p.
- Juros nominais apropriados: +3,7 p.p.
Dívida Líquida do Setor Público também avança
- A DLSP subiu para 62,0% do PIB, totalizando R$ 7,5 trilhões em maio.
- No mês, o avanço foi de 0,5 p.p., resultado dos efeitos combinados de:
- Juros nominais apropriados: +0,8 p.p.
- Déficit primário: +0,3 p.p.
- Desvalorização cambial de 0,8%: -0,1 p.p.
- Queda do PIB nominal: -0,5 p.p.
- No acumulado do ano, a DLSP também aumentou 0,5 p.p. do PIB, influenciada por:
- Juros nominais: +2,9 p.p.
- Valorização cambial: +0,9 p.p.
- Superávit primário do período: -0,6 p.p.
- Ajustes da dívida externa líquida: -0,6 p.p.
- Variação do PIB nominal: -2,2 p.p.
Interpretação dos dados fiscais
Apesar do leve aumento da dívida bruta em maio, o resultado abaixo do esperado é visto como positivo. O avanço do endividamento ainda reflete os elevados encargos com juros, mas o crescimento do PIB nominal e o comportamento da taxa de câmbio têm contribuído para conter a pressão sobre a dívida em 2025.