Economia

Fitch rebaixa rating da Oi para ‘C’ e vê risco elevado de troca de dívida

A Fitch Ratings rebaixou os ratings de crédito da Oi (OIBR3) de ‘CCC-’ para ‘C’ na escala global e de ‘CCC-(bra)’ para ‘C(bra)’ na escala nacional, citando deterioração financeira acentuada e risco elevado de troca de dívida.

Segundo a agência, “a queima de caixa da companhia ficou acima das expectativas da Fitch, o que contribui para o rebaixamento”.

A Fitch destacou que, para evitar inadimplência, a Oi vem solicitando waivers adicionais para acruar (PIK) os cupons, especialmente das notas com vencimento em 2027 e das debêntures ligadas à V.tal. A agência ressaltou que isso “sinaliza um risco de crédito excepcionalmente elevado e deterioração das condições de pagamento”.

De acordo com o relatório, essas medidas podem levar a um processo de DDE (distressed debt exchange) — troca de dívida em situação crítica. “Destacamos a urgente necessidade de gestão de liquidez por parte da Oi”, informou a agência.

A Fitch acrescentou que a Oi pretende resolver essa situação até 2026 por meio da venda da participação de 27,5% na V.tal, operação que, segundo a companhia, será destinada a “amortizar totalmente as debêntures e as notas PIK”.


Principais fundamentos do rebaixamento

A Fitch apontou que a Oi possui liquidez insuficiente para suportar suas obrigações. A empresa encerrou o primeiro trimestre de 2025 com R$ 1,4 bilhão em caixa, frente a uma dívida de curto prazo de R$ 213 milhões.

Ainda segundo a agência, a companhia obteve waiver para o cupom PIK de R$ 153 milhões, com vencimento em 31 de março, referente às notas 2027, que representam 12,4% (ou R$ 4,4 bilhões) do valor nominal total da dívida da Oi.

O portfólio de ativos disponível para venda inclui a participação de 27,5% na V.tal, avaliada em aproximadamente R$ 13 bilhões, e cerca de 7.500 imóveis, estimados em R$ 5 bilhões.

A Fitch acredita que os recursos provenientes da alienação da V.tal serão usados para amortizar antecipadamente essas dívidas, e que a Oi deverá quitar o cupom de 8,75% (cerca de R$ 50 milhões) com vencimento em julho de 2026, devido à sua baixa relevância no contexto da dívida total.

O valor nominal remanescente da dívida é de R$ 31,4 bilhões, sendo que os pagamentos PIK continuarão até o vencimento, com amortizações significativas programadas para dezembro de 2028 (R$ 5,5 bilhões) e dezembro de 2030 (R$ 2,8 bilhões, prorrogável).

A agência também destacou que a resolução da arbitragem com a Anatel pode trazer efeitos positivos para o caixa da empresa e acelerar o processo de desalavancagem.


Projeções financeiras e riscos

A Fitch projeta que a Oi seguirá apresentando EBITDA negativo de aproximadamente R$ 2 bilhões em 2025 e de R$ 500 milhões em 2026, devido principalmente aos negócios legados de telefonia fixa.

O fluxo de caixa livre (FCF) deverá permanecer negativo, em torno de R$ 700 milhões em 2025 e R$ 450 milhões em 2027, mesmo considerando entradas pontuais de capital de giro e redução nos investimentos.

A agência alerta que há risco elevado de que atrasos na venda da V.tal agravem a situação financeira, principalmente por conta do acúmulo de cupons e da proximidade dos vencimentos das notas e debêntures em 2027.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo